As maravilhas do Mundo e da Vida descortinam-se através de palavras que se multiplicam à procura de fazer sentido...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Um novo passo...



A partir deste momento torno-me mais um número a juntar à estatística tão preocupante no nosso país... mais um licenciado desempregado! Acabou a formação, neste momento estou à procura de alguma coisa para tentar matar a fome de dinheiro que infelizmente hoje em dia é quase tudo que nos move. O próximo passo provavelmente passará pelo Força Aérea. Já me inscrevi, no panorama triste Português ainda consegue ser a oportunidade de carreira mais sólida e vantajosa. As opções são difíceis... ganhar o ordenado mínimo a suar numa loja, ir para a Força Aérea e ganhar o dobro ou mais, assaltar um banco e ficar rico... visto que a última pode correr mal, fico pela segunda! Enquanto eles não me chamam lá vou ter que fazer qualquer coisa, a primeira que aparecer eu agarro, que remédio! O que é realmente triste é que praticamente todos os meus colegas que desistiram de estudar estão bem, já trabalham há anos, alguns já casaram... e eu estou aqui com um grande ponto de interrogação no meu futuro porque cometi a estupidez de querer saber mais, ser melhor, tirar um curso! Querem a minha opinião? Se ainda não tiveram a triste ideia de ir para a faculdade, não o façam! Arranjem um emprego numa empresa qualquer, quando passarem os anos que iam estar na Faculdade já subiram de posto e ganham o triplo daquilo que ganhariam se realmente se licenciassem! A falta de conhecimentos é recompensada neste país, logo ele está no estado que nós observamos.


Moral da história, a maior parte dos licenciados vão ter um futuro numa área para a qual não estão preparados e à qual teriam acesso com o 12º, talvez até com o 9º ano.


Quanto a mim... provavelmente vou fazer a tropa que nunca fiz, mudar-me para a capital, ver namorada, amigos e família ao fim de semana, trabalhar em algo que nunca pensei fazer, mas pelo menos vou receber uns trocos no final do mês. Talvez quando estiver na reforma tenha um tempinho para tratar da minha felicidade e esquecer a procura doentia do dinheiro, talvez até possa fazer o que quero, ser professor, sem me pagarem nada,ensinar idosos a ler e a escrever, qualquer coisa assim, é o único modo de exercer a minha profissão, talvez...


São estas as notícias do Olimpo.


Um grande abraço para vocês.

4 comentários:

Anónimo disse...

Mestre...
Confesso que não posso concordar com as tuas palavras apesar de compreender que foram escritas um pouco "a quente" por te encontrares numa situação que ninguem gostaria de estar. SEI que não dificilmente acreditas que "... cometi a estupidez de querer saber mais, ser melhor, tirar um curso." e também nisto : "Se ainda não tiveram a triste ideia de ir para a faculdade, não o façam! Arranjem um emprego numa empresa qualquer, quando passarem os anos que iam estar na Faculdade já subiram de posto e ganham o triplo daquilo que ganhariam se realmente se licenciassem!"
Acho que o problema principal não foi a escolha pelo ensino superior em si mas sim pelo CURSO... Escolher qualquer curso da área das Ciencias da Educação em Portugal é escolher o sofrimento, a instabilidade; no fundo é escolher o desemprego. Ou então era a esperança que o panorama da educação em Portugal de alterasse radicalmente em 4 ou 5 anos. Acho que não se pode tomar a parte pelo todo e simplesmente dizer que não vale a pena querer saber mais e apostar em melhorar as nosss qualificações. O que é realmente importante é perceber se esse esforço vai valer a pena ou não; é tentar visualizar os cenarios futuros e pesar custos e benefícios. No teu caso, o ensino nem sequer foi a primeira escolha...lembras-te? :) Acima de tudo acho que fazes muito bem em repensar o teu futuro, considerando outras oportunidades, mas só não quero é que a frustração e a ânsia de resolveres a tua situação não te conduzam a outo beco com saída muito dificil...Acima de tudo quero melhor para ti ;)
P.S. - Como sabes tinha escrito um comentário há uns dias, comentário esse que evaporou lolol. Como tou com preguiça não vou escrever mais, mas desde já digo-te que era sobre aquele teu post da Importancia da PALAVRA.Já agora,consegues imaginar o que escrevi? Será que estou ou não de acordo contigo? hehehe

Zhews disse...

Pois, evidentemente penso que não há nada mais importante que o conhecimento, guia-nos e ajuda-nos a tomar decisões mais ponderadas, logo provavelmente melhores. No entanto não deixa de ser verdade que a maior parte dos meus colegas que deixaram de estudar estão melhor do que eu... claro que não estão a viver o sonho deles, mas eu também não...
O problema da escolha de curso hoje em dia é que quase todos nos cortam as asas... se fechassem todos os cursos que têm hipoteses minimas de emprego, consegues imaginar quantos sobrariam? Por incrivel que pareça, ainda bem que fiquei neste curso; se tivesse realmente ficado em Psicologia, hoje estaria bem pior! A tristeza está no facto de o mundo nos obrigar a viver para o dinheiro e a menosprezar o conhecimento. Hoje em dia muito poucas pessoas vingam pelas suas qualidades, vingam muito mais pelas qualidades dos seus conhecimentos( por conhecimentos entenda-se pessoas importantes, não conhecimentos académicos)! Talvez depois de começar as pessoas acabem por ver a nossas qualidades, e eventualmente conseguiremos mais por sabermos mais; mas para começar não chega saberes bem o que vais fazer e como o fazer, tens que ter um "empurrão" dum amigo, dum conhecido, dum amigo dum conhecido...
O futuro obriga a tomar decisões arriscadas, duras. Se quero um dia viver e deixar de tentar sobreviver, preciso de mais do que formações, recibos verdes, insegurança. Qualquer coisa que implique estabilidade por mais do que uns meses é um sonho. Quanto à felicidade... esperemos que consiga coabitar com a luta pelo dinheiro, espero mesmo isso!
No que diz respeito à palavra... gostava de saber realmente o que pensas, tens que perder a preguiça:) Não consigo imaginar, há muitos modos diferentes de olhar para a palavra, há quem a olhe com a carga emocional que emana, há quem a olhe como um mero veículo, sem qualquer poder. A verdade é que eu estou aqui a escrever, sem te ver, e estás a "ver" o que sou, o que sinto, o que procuro... tudo porque a palavra o transmite, carrega em si as minhas emoções. Poderias sentir o que se esconde em mim só olhando para a minha face, mas nunca poderias o compreender se eu não utilizasse a palavra para o transmitir. Aguardo o teu comentário com curiosidade. Abraço.

Anónimo disse...

Mestre....
Numa coisa concordo contigo. Estamos em Portugal e neste mísero país a CUNHA conta muito.Mas sobre isso não há muito, aliás, quase nada que possamos fazer para resolver. Quanto ao resto apenas te pergunto: Quão longíquas podem ser as aspirações profissionais de alguém que apenas tem o 12º ano? Não duvido que traga alguma estabilidade a curto prazo, mas será que nos garante uma profissão que gostaríamos de desempenhar para o resto da vida? Quando muito após algum tempo vão estar a fazer formações para ver se conseguem subir ou até mudar de carreira. Neste mundo ninguém dá nada a ninguem e se não mostrarmos capacidades não conseguiremos progredir na nossa vida profissional. Tudo depende daquilo que queremos e daquilo que estamos dispostos a abdicar no presente por algo que apenas acreditamos poder vir a ter no futuro.Não critico quem não escolheu continuar a estudar (até porque a prática de algumas profisssoes ensinam mais que muitas Universidades ou Faculdades). Eu escolhi continuar a estudar e estudar e estudar...Pelo menos até aos 31 anos ainda vou ser estudante(ainda que apenas em part-time). Escolhi sacrificar o presente, ver alguns amigos já casados e com filhos enquanto eu vou ter que esperar por isso mais uns tempos.Fiz essa escolha pq ACREDITO que posso vir a ter no futuro um nivel de vida superior ao que teria se não tivesse optado por continuar a estudar.É algo em que apenas acredito.Não é algo certo;
Quanto a perseguir sonhos...Bem...Quanto a isso , acho que nos devemos concentrar e tentar aqueles sonhos que são alcançaveis. Eu também tinha/tenho sonhos(todos nós temos), mas alguns deles são quase impossiveis. Optei por algo que, apesar de não ser o meu sonho,me trará a estabilidade e o nivel de vida que desejo e me satisfaz. É ,algo que farei com vontade para o resto da minha vida,apesar de haver muitas outras coisas que preferia fazer. Mas persuguir esses sonhos implicaria correr riscos maiores do que aqueles que eu estou disposto a correr. Como disse no comentário anterior, a vida é isto...ESCOLHAS....Medir custos e benefícios. Quando decidiste te candidatar ao teu curso, fizeste-o porque acreditavas que isso te traria mais benefícios do que se optasses por fazer outra coisa.Aquilo que te critiquei foi precisamente isso.Se calhar não mediste bem o benefício que esse diploma te traria. Por isso é que disse que não concordava contigo e te disse que não podes generalizar e dizer simplesmente que não vale a pena seguir o ensino superior.
A tua desilusão compreende-se; custa muito ver-te assim;qualquer um que faça a NOSSA escolha pode vir a fracassar.
Quanto`ao valor das palavras, e tentando sintetizar, dado que isto já parece um livro, eu não lhes dou muito valor.Para mim as palavras são apenas um meio de comunicar e não de expressar sentimentos. Eu raramente exprimo sentimentos por palavras...Prefiro exprimi-las com actos.Eu posso-te dizer que és um grande amigo e outras cenas do género, mas se não acompanhar essas palavras com actos, tudo cai por terra.O melhor exemplo que agora me ocorre é precisamente o da NOSSA AMIZADE. Se ela apenas se baseasse naquilo que dizemos um ao outro(e não me estou a referir à 1º coisa q te passou pela cabeça lol)será que ela seria assim tão forte?Que me lembre nunca falamos assim tão profundamente quanto isso, mas eu não duvido que SOMOS AMIGOS. E isso não se deve às palavras...

Zhews disse...

Tens razão,os outros modos de comunicar, gestos, acções, são realmente importantes. Mas são muito mais limitados!E quando falo do poder da palavra, não tem que ser explicito. Por exemplo, quando me perguntas como estão a correr as coisas, eu entendo que estás a demonstrar que te preocupas com o que estou a passar e que queres mostrar que não estou sozinho nisto, se não o dissesses seria muito difícil para mim compreende-lo de outro modo. Não é preciso dizer directamente que estás preocupado, eu "leio" as palavras nos seus sentidos escondidos. Sei que com o passar do tempo são precisas cada vez menos palavras nas nossas relações, mas isso só acontece porque muita palavra já foi dita para servir de suporte à nossa linguagem não- verbal. Também sei que muitas vezes mais vale não falar, as palavras têm limites que não conseguimos ultrapassar; no entanto elas quase sempre trazem outra dimensão, permitem ir mais longe, dar o pormenor que distingue o "bom" do "excelente". Vejamos o seguinte, será muito improvável seres um grande amigo de um Chinês se nem tu nem ele algum dia souberem comunicar na Língua do outro, nem que passes 24h com ele e ele demonstre que gosta muito da tua presença. Comunicar é tudo hoje em dia, logo o modo de comunicação por excelência, a palavra, torna-se enorme. As palavras são sentimentos, podem ser simulações e sentimentos, são o modo como armazenas toda a informação que possuis, são o modo como iluminas os outros, como enganas, como cresces. Eu tenho bem noção de que muito, para não dizer quase tudo o que sou e atingi até hoje, foi utilizando a palavra, moldando-a às minhas necessidades, deixando que ela transparecesse o que sou ou o que desejo ser em cada momento. Se me privassem da palavra, privar-me-iam de 80% das emoções que senti até hoje..."amo-te", "adoro-te", "estou aqui", " não desistas", "estás errado", "muda", "escolhe aquele caminho", "não", "sim"... teria perdido tudo isto, seria menos do que sou hoje. A palavra é por vezes fraca, limitada, mas descodifica a nossa vida, logo apesar de todas as suas limitações, é rainha.
Somos amigos hoje não pelas palavras que dizemos, tens razão, mas muito pelas palavras que já dissemos. Esta é a minha perspectiva...