As maravilhas do Mundo e da Vida descortinam-se através de palavras que se multiplicam à procura de fazer sentido...

sábado, 17 de março de 2007

Love, love, love


O meu segundo post, mais uma vez a estas horas, mais uma vez depois de uma viagem alucinante entre Rio Tinto e Santo Tirso.
Acabei de chegar do aniversário da minha namorada e pensei: Que melhor altura para falar do "Amor"?
Aqui está mais um tema original... só o mundo todo fala nele! Mas o mais incrível é que no meio de tantas coisas sem sentido e outras só sentidas há sempre muito a dizer, tanto a descobrir numa palavra tão pequenina. Assim sendo, não podia deixar passar um tema tão incontornável como este no meu blog!
Vou partilhar todas as visões que tive até hoje sobre o "Amor":
Na minha infância, amar era o que eu sentia quando me apetecia muito estar com uma rapariga. Isso confundia-me, como era possível que amar fosse isso? Eu amava uma rapariga num segundo, no outro estava a amar outra! Era tão simples! E não me chateava nada com isso... não era o "gosto mais de ti do que de chocolate", eu a maior parte das vezes até preferia comer chocolate! Dar a mão era lindo, mágico... desde que não precisasse dela para comer o chocolate, claro!
Vem a puberdade... oh meu Zeus do Olimpo...aí é que doeu! Já era só uma de cada vez... e quando não funcionava (a maior parte das vezes, não era grande Don Juan) passava um dia sem dormir! Era o fim do Universo, não havia chocolate que me salvasse, nem o ovo Kinder funcionava! E chamava os amigos todos para contar o meu infortúnio, era bonito que assim fosse, passava eu a ser o centro das atenções. Era um modo de me inserir, de ser importante. Mas quando funcionava... aí é que era! Havia beijos e tudo! Não percebia muito bem porque é que tinha que haver língua pelo meio, só atrapalhava! E os beijos na piscina que pareciam tão bons... era só engolir água! Mas depois podia dizer a toda a gente: "O quê? Ainda não deste nenhum beijo com língua? E na piscina? Não sabes o que perdes, eu que já sou grande e vivido é que sei o que é bom!" E era o centro das atenções outra vez! Começava agora também na moda o amor para a família, o amor para os amigos e o amor para as miúdas, era só amor... mas nenhuma complicação.
Finalmente a idade jovem-adulta ... aí os beijos na piscina já não valem nada, chocolate não porque engorda e faz espinhas, se corre mal não queremos ver ninguém à frente... a única coisa boa é que a língua já não atrapalha! Já não usamos a palavra "amor" a torto e a direito, tem que se suar para a utilizar! E os beijos já não chegam... há sempre outras partes do corpo que querem entrar na festa... trazem como companhia os medos de ficar mal, a preocupação de ser o melhor, de nunca acabar cedo demais...só confusões! Há uma distinção nítida entre as curtes e as relações sérias. No início desta fase são fixes as curtes, depois é uma obsessão pelas sérias! É a procura incessante pela "alma gémea" e o "amor eterno"! Atingir isto é Nirvana... ou não! Nada é simples! Tens que ser bom... mas não muito bom! Tens que fazer tudo por ela... às vezes, senão não dá "pica" e ela deixa-te! Tens que ouvir tudo... estar atento ao que se diz e ao que não se diz! E mesmo assim às vezes ouve-se: Ouves tudo! Na altura em que disso isso era assim, agora claro que já não é! ou então Eu sei que não disse nada, mas devias perceber o que eu não disse! Que namorado és tu se é preciso dizer tudo! Fácil, não é?! Falta ainda falar do conceito se "sinceridade", que tão fulcral é nas relações. Mas existe a "sinceridade" normal, e a "sinceridade" na visão delas... uma que nunca irá satisfazer ninguém:
- Amor, tou gorda!
- Não tás nada! És linda! Estou mais atraído por ti do que alguma vez estive!-
isto com a maior sinceridade do mundo, acreditas tanto nisso que é impossível que ela não acredite. Ganhaste, não há mais problemas! Pois, era bom...
- Não é nada amor, estou gorda e feia!
-Já te disse que não, não vês como olho para ti!
- Mas eu tou gorda, já nada me serve, tenho que mudar o guarda vestidos, a Justina é que tem sorte, é mesmo magrinha...
- Mas ser assim é feio! És muito mais linda!
- Mas blá blá blá!
- Não é nada blá blá blá...
- Mas...
- Não...
-Mas...
E o que estava resumido nas primeiras pergunta- resposta deu duas horas de conversa, até que desistes e dizes já alterado:
- Pronto, és gorda, tás feliz?
- Chamaste-me gorda? É esse o apoio que tenho de ti!
- Mas blá blá blá...
- Não interessa blá blá blá...
- Mas...
-Não...
E mais duas horas de conversa se passam, até que te calas, amuas, e quando estás a pensar como é que vais resolver isto ela vira-se e diz:
-Amanhã, vamos ao cinema? Tenho que comprar umas coisas antes... Vens cedo? Quero tar muito tempo contigo!
Aí desistes! Não dá para perceber! Aceitas a impotência de perceber esse extraterrestre chamado mulher e avanças... É isto o Amor nesta idade...
A verdade é que falo destes desatinos e incoerências mas sinto-me feliz a vivê-los! O mais importante é que pela experiência percebi o que é "Amor", e isso é o mais importante para ser feliz; perceber que amar é viveres para e através de alguém sem perceber bem porquê, é quereres saber tudo o que ela quer só para lhe veres o sorriso mais uma vez, é vestires sempre a camisola que ela disse que gostava mais, é dares por ti a sorrir porque te lembras da expressão que ela fez, que não fez, que irá fazer, simplesmente uma vontade enorme de sorrir... mais ainda; é quando os teus amigos na tua festa de anos trazem um carregamento de presentes escolhidos só para te ver sorrir, é quando tens aquele grupo que te ajuda quando queres, quando não queres, quando ainda nem sabes que vais querer, é quando tens um amigo em Erasmus que a altas horas da noite te telefona enquanto vai de bicicleta para casa, é quando alguém da tua família faz um sacrifício para te proporcionar aquilo que sempre quiseste viver, é quando te vês a sorrir não por ti, mas pelos que te rodeiam... para mim, amar, é isto; muito resumido, mas fácil de entender afinal!
Fica aqui a minha visão. Espero que partilhem comigo a vossa.
Abraço aqui de cima do Olimpo.