As maravilhas do Mundo e da Vida descortinam-se através de palavras que se multiplicam à procura de fazer sentido...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A vida continua....


Depois de mais de um mês sem escrever, aqui vão dois "posts" no mesmo dia! Peço desculpa aos que assiduamente procuram as minhas palavras por estas bandas, mas numa altura em que tanto custa parar para pensar, ainda mais custa parar para escrever!

Novidades... nenhumas! Infelizmente nenhuma novidade existe! É triste pensar que durante este último mês, depois do nascer de um ano, nada de novo existe! O stress, esse anda sempre por aqui! Continuo a dar formação, mas cada vez a quero mais longe do meu futuro! O que custa nestas coisas é que não basta um bom trabalho, é preciso factores aparentemente menos pertinentes para manter um emprego! Não é novidade para ninguém, logo não me vou prender neste assunto. O que é novo é que estou a pensar abandonar de vez o ensino! Há mais entraves para os novos entrarem no ensino, há mais entraves para os mais velhos saírem... mesmo que as vontades quer dum lado quer do outro não entrem em conflito! O conflito é gerado pelos que estão de fora. Enfim, a verdade é que aquilo que me apaixonou está a perder encanto... não quero lutar para entrar no ensino até aos 50 anos, dar umas horitas de formação , arranjar umas horitas numa escola, pedir à família que me sustente... o ensino para mim passa por tudo menos por ensinar, não há paz! O que é viver sem paz? Não é viver, é tentar sobreviver! Assim sendo estou a pensar entrar para uma empresa qualquer, se puder usar os meus conhecimentos melhor, senão adquiro outros e guardo a minha paixão por tocar a vida dos outros e ajudá-los a crescer para os tempos livres, se os houver! O tempo passa e eu continuo sem saber se daqui a um mês tenho tudo...ou nada! Não dá para aguentar isto, vou arriscar outros voos. Por falar em voos, a minha aventura como comissário de bordo resumiu-se a umas viagens a Lisboa, disseram que já tinham os lugares preenchidos, logo não precisavam de mim.

Assim sendo estou a dar formação apenas num curso de Cozinha para adultos. Quase ninguém tem quaisquer bases de Inglês, eu vou tentando fazer o melhor em 100 horas, uns dias aulas de 3 horas, outros de 4,outros de 7h... às vezes paro 2 semanas, enfim... depois perguntam aos professores e aos alunos porque desanimam, será assim tão pouco evidente? Mas os alunos até estão entusiasmados e eu vou tentando não me desconcentrar com os problemas de viver nesta incerteza. O dinheiro não é tudo, mas a falta dele tira muita coisa! Que adianta ter uma namorada, amigos, família excelentes e paixão por ensinar se não sei como vou pagar o carro que me leva para o trabalho, o gasóleo, o material, o respirar... com isto nascem problemas nas coisas que correm bem, a falta de espaço mental afecta namoro, amigos, família, tudo! É difícil olhar tudo com um sorriso nestas condições, confesso que ainda consigo sentir alguma alegria dentro de mim, mas a força não dura para sempre! Uma mudança tem que surgir para breve, vai surgir certamente porque não vou deixar que a vida se arraste e me arraste a mim com ela.

Vamos ver o que acontece nos próximos tempos, eu vou dando notícias.

Abraço deste "Zhews" que anda longe do Olimpo...

(Já agora, para quem se questiona de onde surgiu este "Zhews"... não, não me acho um Deus, surgiu das primeiras luvas que usei para fazer musculação que tinham essa marca. Para matar a curiosidade:)

Sonho...ou realidade?- A força da palavra.

"É um sonho!"

As pessoas usam esta frase normalmente quando as coisas são boas, o que não compreendem é que chamar "sonho" a essas coisas é dizer que não são reais, que fazem parte do imaginário... sem querer estão a empurrar tudo o que é bom para fora da realidade! Muito raramente ouvimos dizer, quando algo é bom, "Isto é a realidade!"; para nós a realidade é algo tortuoso que nos destrói a cabeça! São os problemas, são as injustiças, são as lágrimas... enquanto pensarmos assim certamente que não seremos felizes! Contra mim falo! Ainda há pouco tempo tive uma pequena discussão com amigos meus sobre o poder da palavra... um lado defendia que a palavra não é nada, é só um veículo, fraca; outro lado defendia que a palavra é tudo... compreendo os dois lados mas, na minha opinião, a palavra é quase tudo! É um veículo, não existe sozinha, mas é o que define o que somos, como olham para nós e até como nós olhamos para nós! O exemplo que dei no início é ilustrativo disso mesmo; ao designarmos como "sonho" tudo que nos acontece de bom, demonstramos que não acreditamos mesmo que seja real, logo é meio caminho andado para deixar de o ser!

Eu ligo muito às palavras, acho que são banalizadas, as pessoas não pensam no que dizem e em que contexto o dizem. Eu vejo tudo o que rodeia a palavra e tantos problemas tenho por causa disso! É que, não percebo porquê, as pessoas dizem muito mais vezes o que não querem na altura em que não querem! Custa assim tanto dizer o que realmente se quer? E maltratam as palavras... muitas vezes não as sabem usar! "Amo-te!" não é o mesmo que "Gosto muito de ti!"; e mesmo "Amo-te" não é o mesmo quando dito a medo, sussurrado ou em grito; não é o mesmo dito numa altura em que é difícil o dizer ou numa altura em que sai sem dificuldade.

"Lindo" e "Belo" não são a mesma coisa; "Bom" e "Maravilhoso" também não!Pensem nas palavras que utilizam, saibam o que estão a dizer. Chamar "amigo" a alguém e logo se seguida chamar "colega" ofende, mesmo parecendo que não; dizer "és tudo" e de seguida dizer "és muito" parece tudo bom, mas ofende! Há pessoas que têm a sorte de não ligar a nada disso, eu ligo, e tantas vezes me sinto ofendido...

O meu apelo então é para que pensem no que dizem, no que escrevem e nos contextos em que os fazem porque como eu muitos bebem da palavra todo o seu sumo, como eu, muitos não gostam que ofereçam um copo cheio e logo de seguida um copo a meio. Por mais uns milésimos de segundo perdidos antes de usar ou não usar uma palavra, podemos mudar o dia, por vezes a vida de uma pessoa.

Ser feliz não é sonho, é real... não basta a palavra, claro que não! Mas se 90% do contacto com os outros é feito através dela, porque não olhá-la com o carinho que merece?