As maravilhas do Mundo e da Vida descortinam-se através de palavras que se multiplicam à procura de fazer sentido...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Palavras perdidas à procura dum sentido


Cedi... após vários pedidos aqui vai mais um bocadinho do meu futuro best seller. Saboreiem mais um pouco:


Estou eu em pleno verão, mantenho a sensação de que o mundo é o jogo das cadeiras que jogava enquanto criança. O jogo tem como fim que um grupo de pessoas se consiga sentar em cadeiras, o problema é que o número de cadeiras é inferior ao número de pessoas. Então toca uma música, quando a música termina todas as pessoas tentam-se sentar, uma fica sempre de fora. No mundo eu só estou bem quando ele me dá música, sempre que a música acaba sou eu que fico sem cadeira! Assim vai a minha vida, sem cadeira e sem queijo.

No verão venho sempre para uma praia, a praia de Mindelo. É sempre bom vir para Mindelo porque revejo colegas meus que só encontro aqui. Já tenho colegas há alguns anos, venho para esta praia desde os meus 4 anos, embora apenas recentemente a minha família tenha comprado um apartamento cá. Este ano, no entanto, o meu entusiasmo esmoreceu... os meus colegas parece que não crescem, apenas eu me desenvolvo e se não fossem as visitas dos meus amigos de Santo Tirso seria desolador! Por vezes apetecia-me pegar nos meus amigos e partir para um sítio de sonho, longe do laboratório que é este mundo, e viver abraçado a eles. Cansar-me-ia deles, talvez... penso que não; talvez me cansasse de os ter apenas a eles! Há sempre aquele vazio, aquele quisto colado ao corpo que por muito que se remova volta a crescer outra vez... e outra vez... e de novo como uma doença incurável. Todo o mundo com quistos, todos a tentar escondê-los atrás de sorrisos que só aparentam enganar quem se esconde atrás de sorrisos semelhantes, todos a tentar dizer alto que são felizes quando a alma em gritos estridentes revela o contrário... e a vida se conforma com quistos, sem cadeira onde sentar e sem queijos...
Um dia estava eu na praia. O Toni veio-me visitar, mais ninguém o pôde acompanhar. Estava eu com ele a jogar futebol, a bola batia no meu pé mas eu é que era projectado para as minhas angústias, para os meus pensamentos arrastados sem rumo, até que recebo uma mensagem no telemóvel, era a Catarina. A mensagem dizia que ela estava em Mindelo e que vinha ter connosco, dizia muito mais que só depois consegui ler... Aparece ela no horizonte mas vinha acompanhada dele, quanto mais se aproximava mais se aproximava o Horizonte, o meu olhar não conseguia atingir mais que aquele Horizonte, o meu olhar dizia ao meu corpo que finalmente iria tocar esse misterioso Horizonte que sempre observei de longe. A Catarina chega ao pé de nós e diz:
- Olá!
- Olá!- disse eu abraçando-a.- Estás por aqui?
- Não, estou por ali! Claro!- sorriu- Esta é a Júlia.
Não compreendi o seu nome, para mim ela era o Horizonte, não tinha esse outro nome que tentava esconder o que ela trazia até mim.
A partir daí as palavras não foram mais que ruído, os meus olhos não conseguiam ouvir nada, os meus sentidos estavam apenas despertos para aquele Horizonte, aquele Horizonte que se escondia atrás do nome Júlia. Palavras sem sentido fui proferindo, apenas para tentar captar a sua atenção, apenas para conseguir tocar-lhe nem que somente com palavras. Quando os meus sentidos acalmaram pude-me aperceber que já conhecia a Júlia. Já a tinha visto pois ela costuma ir para ali de férias todos os anos. Há quatro anos atrás tinha-a conhecido, depois penso não mais a ter visto. A sua idade no entanto tinha escondido o que ela se revelar-se-ia ser, era cinco anos mais nova do que eu, ela tinha apenas 14 anos nesse nosso primeiro encontro. Agora tinha a idade do sonho, a juventude da paixão e a forma do horizonte. Assim se passou esse dia, nessa noite no entanto saí com ela e com a Catarina. A noite revelava os seus olhos escuros, neles me desorientava ou talvez encontrasse o meu caminho. Vestia uma saia azul comprida, saia que ficou marca dessa primeira noite, desse primeiro tão desejado fôlego. O seu cabelo escuro ondulava sobre a sua face morena. Essa face respirava em mim uma beleza inesperada, uma beleza tão esperada... Bebia cada palavra acalmando uma vida sedenta e saboreava cada som como se do mais belo poema se tratasse, um poema que me prendia apenas pelo seu som, o conteúdo ainda estava eu longe de descortinar. Levei-as a casa a pé, não consegui arranjar carro. Cada passo que dava parecia realmente avançar... estaria eu sentado com a música parada? Estaria ali um queijo? Seria o queijo final? Vim-me embora, sabia que algo tinha começado e sentia que o devia agarrar.


Pronto, aqui ficou mais um bocadinho, espero que gostem!

Abraço da colina mítica dos Deuses.

4 comentários:

Anónimo disse...

Depois disto, não há muito a dizer, há aquilo que sempre ousas-te ensinar-me a sentir...é Amor,Especial,Grande,Forte, Verdadeiro,Mágico,Unico,Sincero, é um rumo,é uma esperança,é decididamente, aquilo que muita gente procura,mas que é muito dificil de encontar!!Que conforto!!Que sentimento!!Que Plenitude...que aperto no coração!!!Obrigada!!Amo-te!!!!!;) (comoveste-me, olha, foi o que saiu!!!)

zebrina disse...

é mt giro identificar essas personagens ;)

BiXiTa disse...

Porque so dá vontade de continuar a ler..espero que nos deixes ler esse livro bem rapidinho=) *

1entre1000's disse...

pois que gostei! Parabéns...