As maravilhas do Mundo e da Vida descortinam-se através de palavras que se multiplicam à procura de fazer sentido...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Beleza...


A beleza atrai tanto... encanta, faz-nos mover. Se pensarmos bem, passamos a vida toda à procura de beleza. Procuramo-la em nós, nos outros, nos sítios onde vamos, nos livros que lemos, nos filmes que absorvemos...(e eu absorvo muito filme), nas músicas que ouvimos... em tudo queremos o belo! Felizmente tenho muita beleza na minha vida, tenho palavras, emoções e imagens que me encantam e fazem com que o mundo pareça mais colorido. Mas a beleza também tem um lado escuro... tem aquele lado que nos faz passar o dia mal porque não nos sentimos bonitos, tem aquele lado ciumento pois não queremos ver beleza mais radiante que a nossa ou não queremos partilhar o que temos de belo na nossa vida. Tem a falta de auto-estima, o narcisismo... não há nada mais feio que a completa falta de confiança ou confiança a mais! Até o belo muitas vezes não é belo! Claro que tinha que ser assim, ou existirá no mundo algo que seja só bom? Claro que não... não há nada bom que não esconda um lado escuro! Mas também não há nada mau que não possa ajudar a promover alguma claridade... é uma questão de olharmos para a vida com um sorriso, ou com uma lágrima! De lágrimas estamos todos fartos portanto o melhor mesmo é olhar a vida com um sorriso,tudo se torna mais fácil.

Eu tenho tentado abraçar a beleza que recebo sem escuridão, só isso me ajuda nestes dias em que as lágrimas caem do céu para nos lembrar que temos razões para chorar. Tenho olhado para mim, para as minhas amizades, para o meu amor com o esforço de um sorriso para que tudo me sorria de volta. Não é fácil, confesso, mas quando o consigo realmente o mundo parece mais belo e o sol parece fazer secar as lágrimas. Já fui obcecado por beleza,neste momento sou apreciador da mesma. Aprecio os momentos de verdadeira amizade e de ajuda, aprecio os momentos de verdadeiro amor e de entrega, aprecio os momentos que alargam os horizontes da visão, um céu mais azul, umas estrelas mais brilhantes, uma natureza mais mágica...

Estou com necessidade de chegar à felicidade sem problemas, sem invenções, sem escuridão. Preciso disso, a vida grita por isso. Ajudem a que isso aconteça comigo e eu prometo que farei tudo para que aconteça convosco. Vamos acabar juntos com a escuridão, tenho vontade de encontrar mais sorrisos, tenho vontade de encontrar mais o meu sorriso.

Despeço-me com um abraço cheio de beleza...

Zhews

domingo, 11 de novembro de 2007

The last few months...(Part two)


E para além de tudo isto tenho experienciado sentimentos muito fortes... contrastam com o estado débil que algumas das possíveis mudanças, quase certas porque a formação está quase a acabar e tenho que organizar a minha vida de algum modo, estão a causar.

Ontem acordei para o facto de que a nossa vida pode descambar pelas razões mais absurdas, uma palavra mal entendida, um passo mais duvidoso, o não dizer algo, o dizer alguma coisa... a vida perde-se em pormenores que podem causar terramotos em tudo o que somos e construimos! O pior é que raramente existe em nós a paz de espírito para pensar o que acontece com razão, os sentimentos perdem-se num emaranhado de labirintos e não paramos para perceber o que realmente está a acontecer! Passamos tanto tempo preocupados com tudo o que fazemos, tentamos demonstrar tudo o que sentimos e vem de repente um pormenor sem importância que deita tudo a perder, que questiona em segundos uma vida inteira.

Sinto-me triste por verificar que tudo na vida tende a ser efémero, a própria vida é efémera! Trabalhamos tanto por tudo mas o atrito é enorme, empurramos, empurramos, gastamos todas as forças a lutar contra coisas que não vemos, que surgem do nada só para nos desgastar e depois partem como se nunca tivessem existido! Darwin já o dizia, é a selecção natural... só os mais fortes sobrevivem, só os mais fortes não deixam que o lado escuro da vida vença. O pior é que como os que nos rodeiam são também a nossa vida, não basta sermos nós fortes, dependemos da força dos outros para realmente vencer! Assusta depender dos outros, não assusta?

Dependemos de decisões de presidentes, de chefes, de familiares,de amigos, de namoradas... dependemos dos nossos sonhos, dos nossos passos, do tempo, da luz,do corpo...

Quem disse que depende de nós sermos felizes? Depende às vezes de coisas que nem imaginamos. Qual a solução? Lutar... aquilo que depende de nós não pode falhar, assim teremos mais probabilidades de conseguir. Quanto ao resto, esperar que o vento sopre a nosso favor...

The last few months....(Part one)


Já não me lembrava de escrever aqui... muito da minha vida tem mudado, principalmente a paz que sempre caracterizou os meus passos neste mundo, estou mais inquieto, está mais incerta a minha vida. Nestes últimos anos tenho trabalhado como formador de Inglês, mas como isso não resolve a minha vida vejo-me obrigado a arriscar. Concorri para um lugar na TAP como Comissário de Bordo, já fui a três entrevistas, correram bem, agora aguardo que me digam alguma coisa. O problema é que se o conseguir para além de nunca parar num sítio, vou ter que me mudar para Lisboa! A minha vida estava numa paz tão bela e de repente vejo-me perante uma mudança assustadora... é inquietante! É recomeçar a vida, estar longe de tudo o que me suporta e... a namorada! Isso é o mais difícil, por muito que não seja "cool" dizer que estou colado nela, tem sido ela a "carregar-me" nestes últimos tempos e estar longe dela deixa-me sem esse apoio constante! As pessoas afectam tanto a nossa vida, tudo o que construimos não tem qualquer significado se não tivermos alguém com quem o partilhar, alguém que nos "guie" quando estamos mais sós, alguém que nos ajude a sorrir. Sinto-me realmente assustado, mas tudo na minha vida se tem encaixado perfeitamente, certamente que o meu futuro me sorrirá também. O "Zhews" vai ter que mudar de Olimpo, mas espera ter todos os Deuses que sempre estiveram do seu lado consigo. Veremos o futuro....

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Férias...


Acabaram as férias, começa o trabalho e as dores de cabeça! É tão bom acordar todos os dias e só ter as preocupações de acordar à hora de almoço, ir à praia, passear com a namorada, ficar moreno... enfim, uma vida difícil! Mas bastou chegar uma semana antes de começar a trabalhar para começar a dormir pior, pensar na rotina doentia que me vai abraçar mais uma vez! Hoje não estou muito inspirado, voltar ao trabalho faz-nos destas coisas; prometo que irei escrever algo mais interessante nos próximos tempos. Por enquanto fica aqui este desabafo para mostrar que ainda existo.

Garande abraço do Olimpo...

Zhews

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Os sinais...


Cada vez me apercebo mais de como é importante perceber os pequenos sinais, aqueles sinais que nos indicam qual o próximo passo a tomar. Não sei porque razão a maior parte das pessoas tenta fugir às evidências, fugir às coisas que mais tarde ou mais cedo vão ter que acontecer! Porquê adiar o inevitável?

Isso acontece muito nos casais... tudo corre mal, não se suportam, a mínima coisa chateia, já não percebem porque razão estão juntos mas ficam assim... a tentar enganar não sei quem até perderem anos da vida em que podiam variar e ser felizes! Nunca caí nessa armadilha... se estou com alguém é porque quero, se não quiser, não estou! A vida é curta demais para desperdiçarmos a tentar fazer algo impossível! Não há NADA que justifique caminharmos para a infelicidade! Nenhuma daquelas desculpas, o medo de estarmos sozinhos, a família que gosta muito dele/dela..., nada! Isto estende-se também às conquistas... se ela não sorri quando está à nossa beira, se não nos liga, se manda mensagens "secas" a dizer apenas "sim" ou "não" ou se nem sequer nos responde às mensagens, acho que é claro, aí não vai dar! Não vai mudar com a nossa persistência, pelo contrário, só tem tendência a piorar! Porquê ignorar os sinais? Só serve para perder tempo, a outra mulher (ou homem) que realmente nos vai fazer feliz está à espera!

Os sinais existem para nos tornar as coisas mais simples.

Se não tiveste um acidente não sabes como por causa dos pneus do teu automóvel estarem carecas, aceita isso como sinal de que deves mudar os pneus caso contrário não te surpreendas se passado uma semana tiveres mesmo um acidente;

se estudas e não consegues tirar positivas nos testes, aceita isso como sinal de que deves mudar o método de estudo caso contrário não te surpreendas se continuas sem tirar positivas;

se a tua namorada recebe sempre mensagens daquele rapaz que sabes que está interessado nela, sorri quando isso acontece e envia-lhe mensagens por iniciativa própria em vez de se afastar, aceita isso como sinal que deves mudar algo no teu namoro caso contrário não te surpreendas quando ela vier dizer que está muito arrependida mas que te traiu;

se és tu que recebes as mensagens e és tu que não te afastas, aceita isso como sinal de que mais tarde ou mais cedo vais trair a tua namorada;

se está previsto chover, olhas pela janela e o céu está carregado de nuvens, aceita isso como sinal de que tens que levar guarda-chuva caso contrário não te queixes quando apanhares grande "molha";

esta vai em tom de brincadeira para o meu melhor amigo, se já há anos que passamos pelo "Olímpico" e o homem nunca vem cá fora dizer que nos oferece uma "francesinha"... aceita isso como sinal de que vamos mesmo ter que pagar se quisermos comer lá "francesinhas"!

Podia ficar o dia todo com estes "ses", o importante é perceber que temos que seguir estes sinais, mesmo que seja mais cómodo continuar a viver na ilusão. Mas pensem bem: é melhor perder uma ilusão na vida ou perder a vida numa ilusão? Não facilitem.

Abraço do Olimpo.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Mudar...


Porque razão é tão difícil mudar? Seja de atitudes, seja de corte de cabelo, seja do caminho para o trabalho... tudo que implique fazer algo diferente tem sempre um atrito incompreensível! Gostava de ter o poder de mudar a resistência à mudança. É por isso que fazemos quase sempre as mesmas coisas toda a nossa vida, é por isso que o país sofre sempre dos mesmos problemas, é por isso que quase tudo perde interesse pouco depois de ser conhecido porque... não muda!

Lembro-me quando vim de Erasmus da Holanda, pensei que tudo ia ser diferente! Pensei que ia aproveitar tudo da vida, pensei que ia viver tudo no limite, acontece sempre isto quando temos uma experiência diferente e refrescante... e durante uns tempos assim tentei que fosse; mas a mudança não era isso, estava equivocado. Mudança não é mudar aquilo que somos, é mudar para aquilo que realmente somos mas que temos preguiça de alcançar! Não é hedonismo, é inteligência! Não é sair só porque toda a gente diz que devemos sair para nos divertirmos, tantas vezes estou muito melhor em casa a ver um filme. Não é experimentar sensações estúpidas e perigosas para sermos diferentes, é dizer que não o fazemos para realmente sermos diferentes! É sermos fortes, é sermos nós próprios e fazermos aquilo que NÓS queremos, não aquilo que os outros acham que nós queremos, aquilo que as ideias pré-concebidas dizem que devemos fazer em determinadas situações e não deixar que o comodismo se apodere de todas as nossas acções.

Aquelas pequenas opções; entre sair ou ficar em casa, entre ouvir o CD de musica clássica ou o CD de música disco... essas são as que vão definir o quanto vivemos a nossa vida, essas são as que mais menosprezamos e deixamos que nos empurrem para o aborrecimento de ser aborrecido só porque queremos estar tristes! Custa assim tanto naquele dia em que estamos em baixo ir ao ginásio, sair com os amigos ou pôr o CD com música alegre em vez de ficar fechados em casa a ouvir música deprimente à espera que os anjos chorem a nossa vida desgraçada e medonha? Custa assim tanto partir do pressuposto que as pessoas não estão aqui para nos fazer infelizes e que tudo o que elas fazem não é uma conspiração para nos destruir? Custa assim tanto não complicar o descomplicado, inventar problemas? O pior é que custa! Temos uma predisposição doentia para a tristeza!

Confesso que já mudei muito, já resisto bastante mais à preguiça, já não cedo a estúpidas chantagens psicológicas, já aprendi a controlar mais a minha vida e a não deixar que ela me controle a mim... mas a alma é fraca e ainda me vejo muitas vezes a fazer aquilo que abominavelmente descrevo aqui.

Fica aqui o meu apelo, não deixem de mudar, deixem de ser mudados e façam tudo para ser felizes! Não é difícil, basta querer, basta tomar as atitudes lógicas e não as atitudes com alicerces na estupidez de ser triste, na estupidez de trabalhar para ser triste, na estupidez de gritar ao mundo que a nossa vida é triste quando só temos razões para ser felizes! Ajudem a que eu não faça o mesmo. Experimentem sorrir mais vezes e em vez de dizer "Está difícil!" dizer "Vou conseguir!"; é meio caminho andado para realmente conseguirmos o que queremos e poupa o sofrimento pela derrota que partimos do pressuposto que vai chegar mas raramente chega.

Abraço dum desaparecido no Olimpo, vou tentar ser mais assíduo no blog, não ceder à preguiça!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

A magia...


A coisa mais difícil de encontrar na vida é MAGIA! Passamos a vida toda à procura de magia mas infelizmente normalmente encontramos apenas ilusionismo... quando nos percebemos que é ilusão.. vem a desilusão! Pois eu ultimamente tenho sentido muito de magia; sim, dessa mesma, da verdadeira! E quem é a feiticeira? Evidentemente não preciso de o dizer! Eu já passei por algumas relações mas isto que se está a passar... é indescritível! Sinto em todo o lado esta magia, nas coisas mais banais! Até no shopping à procura duns óculos de sol eu sinto aquele aperto, aquela ligação que não há palavras que consigam decifrar, aquela alegria não por estar ali, mas por estar ali com parte de mim. Eu sei que muitos de vocês estarão a pensar: "Todos passamos por isso, se calhar até é mesmo o desolador ilusionismo!", mas quando se passam quase três anos e ainda se sente aquele batimento irregular do coração quando se entra no carro a caminho de Rio Tinto, quando ainda pensamos que aquela pessoa que está ali todos os dias, todos os dias se transforma noutra pessoa melhor e que nos fascina mais e sim, o teste final, quando preferimos estar com essa pessoa do que ficar a ver o Benfica... isso só pode ser magia! Nunca imaginei que isto realmente existisse, já li em alguns livros que devia ser assim, mas pensei que era como aquelas posições no Kamasutra que só se formos ginastas é que conseguimos executar! Este post parece uma dessas cartas de amor escritas com o presente e apagadas no futuro, mas decidi escrever aqui porque isto não merece ficar no silêncio, as pessoas merecem saber que isto do amor afinal não é como as posições do Kamasutra e fica aqui para que no futuro eu tenha a prova e possa partilhar convosco... existe magia ou só ilusionismo? Para acabar em grande, aqui fica o meu novo slogan:


Magia...porque eu mereço! :)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

A procura incessante de não sei o quê



Estou bloqueado! Nestes últimos tempos algo se passa comigo que não consigo pensar! Achei que seria do trabalho, cada vez tenho menos alegria em dar aulas nestes cursos (porque será?!) mas agora que estive 3 dias sem dar aulas não senti nenhuma melhoria! Nem o ginásio me tem ajudado, nem o futsal ao sábado...ainda ando a ver se começo a fazer piscina, pode ser que completamente mergulhado em desporto a minha mente volte a expandir, que o corpo afaste o que me prende a mente! A verdade é que nada tem funcionado e não percebo o que se passa comigo, o porquê desta exaustão mental! Precisava de pegar na namorada e nos amigos e fugir para um paraíso natural qualquer, daqueles que nos convencem que afinal devemos estar felizes por poder abraçar o mundo que nos rodeia. Eu costumo sobreviver através duma ginástica mental que me convence que tudo está maravilhoso, isso ajudou-me em momentos que realmente seriam muito difíceis não fosse esta capacidade que tanto trabalhei em mim; agora que não está nada realmente a correr mal, que não tenho qualquer razão aparente para este cansaço, aqui estou a sofrer de prisão de mente! Que hei eu de fazer? Bem, nada como o tempo para curar estas coisas, pelo menos é o que dizem! Até lá, peço desculpa aos meus leitores mas sem conseguir libertar um mísero pensamento torna-se difícil de escrever aqui no blog...

Abraço do Olimpo

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Palavras perdidas à procura dum sentido


Cedi... após vários pedidos aqui vai mais um bocadinho do meu futuro best seller. Saboreiem mais um pouco:


Estou eu em pleno verão, mantenho a sensação de que o mundo é o jogo das cadeiras que jogava enquanto criança. O jogo tem como fim que um grupo de pessoas se consiga sentar em cadeiras, o problema é que o número de cadeiras é inferior ao número de pessoas. Então toca uma música, quando a música termina todas as pessoas tentam-se sentar, uma fica sempre de fora. No mundo eu só estou bem quando ele me dá música, sempre que a música acaba sou eu que fico sem cadeira! Assim vai a minha vida, sem cadeira e sem queijo.

No verão venho sempre para uma praia, a praia de Mindelo. É sempre bom vir para Mindelo porque revejo colegas meus que só encontro aqui. Já tenho colegas há alguns anos, venho para esta praia desde os meus 4 anos, embora apenas recentemente a minha família tenha comprado um apartamento cá. Este ano, no entanto, o meu entusiasmo esmoreceu... os meus colegas parece que não crescem, apenas eu me desenvolvo e se não fossem as visitas dos meus amigos de Santo Tirso seria desolador! Por vezes apetecia-me pegar nos meus amigos e partir para um sítio de sonho, longe do laboratório que é este mundo, e viver abraçado a eles. Cansar-me-ia deles, talvez... penso que não; talvez me cansasse de os ter apenas a eles! Há sempre aquele vazio, aquele quisto colado ao corpo que por muito que se remova volta a crescer outra vez... e outra vez... e de novo como uma doença incurável. Todo o mundo com quistos, todos a tentar escondê-los atrás de sorrisos que só aparentam enganar quem se esconde atrás de sorrisos semelhantes, todos a tentar dizer alto que são felizes quando a alma em gritos estridentes revela o contrário... e a vida se conforma com quistos, sem cadeira onde sentar e sem queijos...
Um dia estava eu na praia. O Toni veio-me visitar, mais ninguém o pôde acompanhar. Estava eu com ele a jogar futebol, a bola batia no meu pé mas eu é que era projectado para as minhas angústias, para os meus pensamentos arrastados sem rumo, até que recebo uma mensagem no telemóvel, era a Catarina. A mensagem dizia que ela estava em Mindelo e que vinha ter connosco, dizia muito mais que só depois consegui ler... Aparece ela no horizonte mas vinha acompanhada dele, quanto mais se aproximava mais se aproximava o Horizonte, o meu olhar não conseguia atingir mais que aquele Horizonte, o meu olhar dizia ao meu corpo que finalmente iria tocar esse misterioso Horizonte que sempre observei de longe. A Catarina chega ao pé de nós e diz:
- Olá!
- Olá!- disse eu abraçando-a.- Estás por aqui?
- Não, estou por ali! Claro!- sorriu- Esta é a Júlia.
Não compreendi o seu nome, para mim ela era o Horizonte, não tinha esse outro nome que tentava esconder o que ela trazia até mim.
A partir daí as palavras não foram mais que ruído, os meus olhos não conseguiam ouvir nada, os meus sentidos estavam apenas despertos para aquele Horizonte, aquele Horizonte que se escondia atrás do nome Júlia. Palavras sem sentido fui proferindo, apenas para tentar captar a sua atenção, apenas para conseguir tocar-lhe nem que somente com palavras. Quando os meus sentidos acalmaram pude-me aperceber que já conhecia a Júlia. Já a tinha visto pois ela costuma ir para ali de férias todos os anos. Há quatro anos atrás tinha-a conhecido, depois penso não mais a ter visto. A sua idade no entanto tinha escondido o que ela se revelar-se-ia ser, era cinco anos mais nova do que eu, ela tinha apenas 14 anos nesse nosso primeiro encontro. Agora tinha a idade do sonho, a juventude da paixão e a forma do horizonte. Assim se passou esse dia, nessa noite no entanto saí com ela e com a Catarina. A noite revelava os seus olhos escuros, neles me desorientava ou talvez encontrasse o meu caminho. Vestia uma saia azul comprida, saia que ficou marca dessa primeira noite, desse primeiro tão desejado fôlego. O seu cabelo escuro ondulava sobre a sua face morena. Essa face respirava em mim uma beleza inesperada, uma beleza tão esperada... Bebia cada palavra acalmando uma vida sedenta e saboreava cada som como se do mais belo poema se tratasse, um poema que me prendia apenas pelo seu som, o conteúdo ainda estava eu longe de descortinar. Levei-as a casa a pé, não consegui arranjar carro. Cada passo que dava parecia realmente avançar... estaria eu sentado com a música parada? Estaria ali um queijo? Seria o queijo final? Vim-me embora, sabia que algo tinha começado e sentia que o devia agarrar.


Pronto, aqui ficou mais um bocadinho, espero que gostem!

Abraço da colina mítica dos Deuses.

domingo, 29 de abril de 2007

Um véu de tristeza sobre o que é belo...


Ontem estive a passear no Porto, fui até um bar na "Praia dos Ingleses" e quando me vinha embora pela zona ribeirinha vi encantos esquecidos, viagens que tão belas se fariam à luz da lua mas que nunca ousei fazer. O que impede estas viagens para mundos imaginários alimentados pelo barulho das ondas e o cheiro a história? O facto de hoje em dia já não se poder passear à vontade!À porta duma carrinha vi umas crianças com aspecto duvidoso a falar com adultos cujo aspecto já não deixava quaisquer dúvidas, bandos dos denominados "gunas" a gritar com aquela ânsia de causar problemas, de libertar as frustrações em todas as pessoas menos naquelas que as causam, enfim, um ambiente que faz com que quem queira passear esteja mais preocupado a pensar se vai ser roubado ou se vai levar um tiro do que a perder-se em pensamentos mágicos nascidos das emoções típicas destes passeios descansados ao luar.

Eu que gosto desta porta para o mundo que é a natureza, custa-me pensar no que perco por este medo, custa-me pensar que para apreciar algo como o que tenho aqui ao meu lado preciso de ir para outro país onde, aí sim, se preocupam em oferecer estes pedacinhos de sorrisos às pessoas que tanto precisam de sorrir! Seria suposto esta situação melhorar com o tempo...mas verifica-se o contrário! Quanto maior é o que alguns chamam de evolução pior se torna este tão triste fenómeno! É mau, deixa-me triste não poder voar com asas de sonho no meu país, deixa-me incompleto.

Fica aqui esta lágrima convosco,caída do topo do Olimpo onde infelizmente Zeus não pode fazer nada!

terça-feira, 17 de abril de 2007

É tão fácil criticar professores...




Confesso que me assustei quando começaram a falar em avaliações de professores por parte dos pais, a verdade é que, salvo raras excepções, os pais não sabem sequer o que é criticar um professor, pensam que é dizer se ele é simpático ou bonito; mas o pior é que mesmo a minoria de pais que realmente tem capacidade para criticar devidamente os professores não vão às aulas, logo o que vão eles criticar? Assim sendo não são os pais que criticam... são os alunos que chegam a casa e fazem os seus juízos sobre os professores aos pais, juízos estes que têm como principais premissas coisas tão importantes como se o professor sorriu ou não para ele naquele dia, se leccionou matéria que o aluno gosta, se prestou mais atenção ao colega que o aluno tanto detesta, enfim, este tipo de coisas. É refrescante saber que serão esses juízos tão bem fundamentados que vão decidir o futuro dos professores.


Este post tem como "musa inspiradora" algo que me aconteceu ontem. Estava eu a dar a minha aula descansado quando no intervalo olho para o telemóvel e vejo uma chamada do coordenador de curso. Telefono e qual é a minha surpresa quando o teor da conversa é uma carta dos pais de um formando a criticarem o meu trabalho, diziam que eu deixava os alunos chegar tarde e não marcava falta, diziam que não preparava as minhas aulas e que não controlava a turma. Evidentemente as críticas são do formando, parece até que os pais nem queriam enviar a carta. Para aumentar a palhaçada a carta foi enviada directamente ao director do Centro de Formação e nem sequer estava assinada, não falaram comigo, não falaram com os coordenadores, foram directamente ao "patrão". Claro que o remetente da carta não imagina que isto pode fazer com que o formador não tenha mais nenhum curso ou até que seja afastado dos cursos que tem.


Continuando, aqui estou eu perante uma carta a dizer mal do meu trabalho, algo que evidentemente vai ser arquivado para mais tarde ser visto. Eu sou a favor de criticarem o nosso trabalho, acho que faz com que reflictamos sobre as nossas práticas, mas isto já se parece mais com calúnia! Quanto às acusações, confesso que a primeira tem fundamento, não marco falta pois os pais é que sofrem com isto, as aulas são pagas à hora e os pais não recebem o dinheiro porque os alunos chegaram mais tarde, mas realmente quem sou eu para mudar mudar as regras? Ninguém, reconheço. Agora vem a acusação que me deixou perplexo; a de que não preparo aulas! Aí é que está o perigo de serem alunos a julgar professores. Eu lecciono inglês, a minha metodologia de ensino passa não só, mas também por dar músicas para traduzirem, fazer karaokes, fazer jogos, esse tipo de coisas que qualquer pessoa ligada ao ensino do inglês sabe serem minas de ouro para o ensino da língua. Evidentemente que para o aluno isto parece-lhe um modo de não me chatear muito, dou umas músicas, uns jogos só para os manter entretidos; mal ele sabe que são exactamente estas coisas que dão mais trabalho a planificar! Um aluno habituado ao ensino tradicional, com pais habituados ao ensino tradicional, chega a casa e diz que o professor em vez de passar horas a ensinar gramática e a fazer exercícios põe os alunos a cantar e a fazer jogos, claro que pensam logo que o professor não prepara aulas! Uma acusação gravíssima que tem como base a simples...ignorância! E finalmente a crítica do mau comportamento dos alunos... claro que à primeira vista ao ver alunos a gritar e a bater palmas na sala de aula pensa-se logo que são mal comportados, bom comportamento para as pessoas é estarem calados a aula inteira. Isso passa de pais para alunos; então mais uma vez o aluno chega a casa e diz que na aula os alunos gritam e saltam e batem palmas, os pais pensam logo que é a balbúrdia total. Nunca lhes ocorre que quando se fazem jogos que envolvem competição é impossível os alunos não gritarem os nomes uns dos outros e ficarem excitados, nunca lhes ocorre que quando se faz um karaoke os alunos gritam, riem-se, batem palmas e criticam os outros enquanto cantam, enfim, nunca lhes ocorre que isso não é mau comportamento, é o comportamento normal nessas situações!


Assim se destroem bons professores e boas práticas e se perpetuam aquelas aulas do método tradicional que deixam todos contentes menos os alunos!


Por isso nos perguntamos enquanto estudamos para ser professores porque razão no "campo" se esquecem todas as coisas que se aprendem durante o curso... é a sobrevivência! Neste mundo dos professores, sobrevivem os mais fracos. Eis a razão pela qual o ensino está como está, foram precisos dois anos a leccionar para o perceber. Pode ser que daqui a uns anos esteja eu a levar alunos às lágrimas com horas de aulas "seca" em que se decora tudo, aí vou reler isto e vou-me lembrar: "Como era inocente no início de carreira, quando ainda acreditava que podia ser eu a fazer a diferença!"

sábado, 14 de abril de 2007

As manhãs, as tardes e as noites


Estes três momentos do dia causam-me sentimentos tão distintos que decidi partilhá-los convosco. Aqui vai:

Sobre as manhãs não há muito dizer... DORMIR, DORMIR, DORMIR! Mesmo que não seja para dormir, pelo menos ficar na cama até ao meio dia. Há quem diga que é perder tempo, mas qual de vocês considera perder tempo fazer algo que gostam? Ouvir música, comer a comida preferida, ver aquele programa que nos faz colar do princípio ao fim... pois para mim dormir é a mesma coisa! É um prazer, não apenas uma necessidade. Por isso podem dizer que estou a perder todo o tempo do mundo que eu vou responder sempre: Agora cala-te um bocadinho e deixa-me dormir! Depois podem continuar a olhar para mim que vão verificar o nascer de um sorriso enorme quando me agarro à almofada e me embrulho nos lençóis. E se por acaso por algum disígnio misterioso eu me levanto, TUDO menos televisão! Se ligo a televisão apetece-me pegar numa arma e acabar com a minha infelicidade! Não há nada pior do que a televisão de manhã... e olhem que eu até sou um bocado colado nessa caixinha!

As tardes... essas são para a produção! Não há prazer nenhum, é aquele tempo que acho tão chato que até aproveito para trabalhar, pois trabalhar é o melhor modo de passar esta fase do dia sem pensar muito nisso! Não gosto das tardes, não sinto vontade de sair, sinto vontade de empurrar o sol até aparecer a lua! Pronto, confesso, sou anti-tardes!

Quanto à noite... é essa mágica aparição da lua que me faz aguentar o dia sem desatar aos gritos! Tudo se transforma à noite... as pessoas parece que deslizam em vez de se atropelarem nas ruas, reina uma paz indisicritível! O verdadeiro romântico da escuridão converge com o romântico que atribuímos ao sentimento de dar apenas a pensar no outro, enfim, é magia! Se pudesse saía sempre apenas à noite; escreveria então um livro para alertar aqueles que tanto passam as manhã e tarde preocupados em fazer tudo (menos viver) e deixam a noite apenas para o dormir, assim partilharia a magia que sei existir e que outros menos atentos deixam escapar. Mas não confundam esta dependência do luar com as idas a cafés, bares e discotecas! Longe disso!As noites para mim são para bronzear-me na luz da lua e deixar que ela guie os meus movimentos. Sair com a namorada e/ou os amigos para conversar, deixar que o escuro nos ligue e nos faça tornar confidentes uns dos outros. Sinto-me maior à noite, sinto-me mais próximo de mim. Num aspecto menos flutuante da noite, também gosto de ver as grandes séries que só são transmitidas a horas que ninguém aguenta ver, gosto de ver os grandes filmes na televisão e no cinema e, confesso, aquelas repetitivas comédias românticas que nos deixam a sorrir e mais agarrados ainda à namorada.

Um abraço nesta tarde no Olimpo.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Uma fotografia....

Vim agora duma viagem tristemente curta até Valência. Está lá a estudar o meu "melhor" amigo, por "melhor" quero dizer o primeiro ao qual recorro, aquele que não posso deixar sem saber o mínimo pormenor da minha vida, aquele que realmente faz diferença quando estou triste e que realmente sorri quando estou contente, entre várias outras coisas. Este esclarecimento advém do facto de não gostar desta expressão, "melhor amigo", acho-a redutora, mas serve para rotular mais facilmente. Continuando, ele está lá em Erasmus e como as saudades apertam não pude deixar de ir visitá-lo nas minhas (não) férias (só tive os feriados livres, está longe de ser considerado "férias"). Mas não estou aqui para falar da viagem, estou aqui para falar dum pormenor: não levei máquina fotográfica! Nem eu nem o amigo que foi comigo levamos a máquina, foi aí que despertei para a importância de algo sobre o qual nunca antes me tinha debruçado, a fotografia!
A fotografia não é apenas uma "prova" de como fomos a algum lado ou fizemos seja o que for, nem é apenas um modo de mostrar a toda a gente que vimos os monumentos todos dos quais já nem sequer lembramos o nome; é uma janela para algo que de outra forma o tempo irá esconder.
Neste momento lembro-me bem do abraço que dei quando cheguei lá, das conversas e sorrisos que tive às deliciosas refeições, das espécies de rituais satânicos que observei quando saí à noite, das brincadeiras que fizemos enquanto a jogar futebol na praia... mas sem fotos disso vou perder a oportunidade de daqui a uns anos reencontrar essas imagens sem querer e ficar com aquele sorriso que não se consegue conter nesses momentos. Vou de seguida perder a oportunidade de telefonar aos meus amigos que estavam lá comigo (e que talvez apenas esteja com eles esporadicamente no futuro) e dizer que reencontrei aquelas fotos, que temos que nos juntar e rir um bocado com as lembranças, vou perder a oportunidade de esquecer que estava chateado a arrumar as minhas coisas e reter apenas que reencontrei um pedaço de sorriso escondido no meu passado.
É por isso que a minha próxima compra vai ser uma máquina fotográfica, é por isso que vai-se tornar minha companheira em tudo o que eu faça e, finalmente, é por isso que deixo aqui esta "apresentação" da minha vida em fotografias, para que eu e os meus amigos mais tarde as encontremos e aconteça aquilo que descrevi anteriormente.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Mulheres e homens: igualdade de direitos ou imitação?


Aqui está um problema que considero estar a afectar a nossa sociedade: A "igualdade de direitos entre homens e mulheres". Não quero com isto dizer que não o defenda; pelo contrário, acho-o necessário e estúpido que assim não seja. O problema está no modo como se está a tentar chegar a esse patamar de igualdade! Primeiro, ainda está longe o dia em que realmente as mulheres e os homens serão realmente tratados do mesmo modo, embora se veja uma pequena diferença nas mentalidades retrógradas que tanto dominaram a nossa cultura. Mas não é neste ponto que me quero centrar, talvez noutro dia. Quero falar do novo fenómeno: "imitação"! É que acho que se está a confundir a "igualdade de direitos" com a "igualdade" total! Se já era mau ver homens sempre a gritar palavrões, a cuspir para o chão e com atitudes tipicamente machistas, ainda pior é ver o mesmo... em mulheres! É que a coisa que torna as mulheres especiais é mesmo a sua feminilidade! É o não cuspirem na sopa porque não gostam dela, é o não gritarem no meio da rua: "Que gajo bom, comia-te todinho!" mas sim aquela troca de olhares tímidos que tanta magia trazem, é o agirem como se fossem nossas "mães" que nós por muito que nos queixemos, vamos confessar, até gostamos; é o romantismo exacerbado, é as complicações que só elas sabem inventar, enfim, é o que sempre as definiu! Sempre encontrei descanso nas minhas amigAs, é que com os homens temos que estar o tempo todo a dizer que somos fixes, que fizemos isto, aquilo, que vamos subir os Himalaias sem comida, água e de boxers num dia; esse tipo de coisas. Com as mulheres podíamos realmente falar... daquelas coisas que envolvem o pensamento, sentimentos, mostrar aquela parte "sensível" que todos os homens têm. Hoje em dia as mulheres agem como homens; são predadoras na noite, querem mostrar que podem fazer tudo o que os homens fazem! Será que não se lembram que tantas mulheres lutaram para que os homens mudassem? Eram lágrimas, ranho e suor! Agora, talvez porque desistiram de lutar contra o "macho latino" típico, tornaram-se igualmente superficiais, desinteressantes! Ainda hoje me dói quando ouço uma mulher dizer 5 palavrões em 6 palavras, ou quando em vez de cumprimentarem com um beijo mandam aquelas palmadas nas costas mesmo para doer, típicas da demonstração animal da força do homem! E as conversas...ainda me lembro...

Antonieta- Viste o Esdrúbal, ele é tão simpático! Dá mesmo para conversar com ele! Faz-me sentir tão bem!

Vanessa- E o Marculino? Hoje deu-me a mão...até voei! Passamos horas a conversar de mão dada a ver as estrelas, foi mágico!

Hoje em dia:

Antonieta- Viste o homem? É uma **** duma bomba! Cada vez me apetece mais ******* todo! Mas o Marculino, *****!O que dizem sobre o tamanho da **** dele é verdade!

Vanessa- **** ** *****! Nem fales nessa *****! ***** ontem e o homem é um cavalo! Passamos a noite toda a pinchar , os ***** dos vizinhos até devem ter ficado surdos!

Antomieta- Vai-te *****, não!

Vanessa- ******! Que me caia uma mama!

É este o romantismo que se encontra hoje em dia! Acho que as minhas próximas gerações (homens) vão estar com lágrimas e ranho a suplicar que elas lhes liguem, que não passem o tempo todo a falar de futebol, que deixem as bebedeiras todos os fins-de-semana, que larguem a playstation um bocadinho, que podiam trazer uma flor ou dizer qualquer coisa bonita de vez em quando... aquilo que me faria partir a rir na minha infância de tão irreal que parecia!
Graças a Zeus ainda tenho as minhas amigas de infância que se mantiveram "mulheres" e a minha namorada, um achado hoje em dia! Mas mesmo assim não consigo fechar aos olhos ao que se está a passar!
Por favor mulheres, sejam... MULHERES! Para porcos, estúpidos e superficiais ainda existem muitos homens a cumprir muito bem esse papel!
Igualdade de direitos, sim! Imitação, NÃO!!!!!!
Abraço do Olimpo.

domingo, 25 de março de 2007

Bestseller...



Estou a preparar um bestseller para sair daqui a uns anos, quando eu tiver coragem de acabar o livro. Já perdi a conta às vezes que comecei a escrever, parei, recomecei a escrever... mas enquanto ele não sai e me faz uma pessoa rica fica aqui um bocadinho do primeiro capítulo (vou no 15º) :

Capítulo 1

Acordei, pela janela ouvia o mundo a chamar por mim, numa voz pesada e amarga que me tirava a coragem de sair da cama. Mas, sem outra opção, lá me levantei.

Abri uma sempre fechada janela na esperança de que pelo menos o tempo contrastasse com o meu estado de espírito, mais um engano para o mar de mentiras que invento para sobreviver a mim próprio. Não se via o sol, o nevoeiro denso tentava esconder um mundo que lentamente me consumia até me fazer sair de mim; de vez em quando ouvia-se um pássaro que ainda resistia à melancolia do mundo, a tentar alegrar essa monotonia que nos abrange com o seu canto encantado. Sorria, não encantado pela beleza desse canto que quebrava o meu melhor amigo: o silêncio; mas pela inocência que um dia com crueldade o mundo lhe iria tirar.

No meio de um mar de pensamentos dos quais não me conseguia desligar, tomei o peso do mundo nos meus ombros e lá continuei o meu caminho.

Abri a porta do quarto, não se via ninguém. Talvez deva tentar fazer como eles; acordar cedo e fugir de casa na esperança de que os problemas fiquem por cá. Enfiar-me num café, rodeado de pessoas que não conheço e atormentado por outras que conheço, na triste esperança de que palavras fúteis que saem das suas bocas façam desaparecer esse zumbido amargo que persegue os meus ouvidos. Mas não! Prefiro sofrer na realidade (se é que ela existe) do que me esconder no meu imaginário. Isto é o que penso, pois basta distrair-me dois segundos que procuro um sítio completamente diferente, com pessoas completamente diferentes, com tudo completamente diferente!

Dirijo-me à cozinha, procuro algo que comer. A comida é das poucas coisas que me alivia. Sinto um enorme prazer nessa coisa tão banal e ao mesmo tempo indispensável (quase como tudo no mundo) que é comer!

Olho o relógio, vejo nele o tempo, vejo nele o nada. Por vezes fico pasmado como a nossa vida pode reduzir-se a uma “maquineta” que usamos no pulso! Penso como é que vou ocupar esse espaço que os ponteiros determinam, não encontro nada que fazer e limito-me a pensar, pensar... em tudo e em nada mas sempre a pensar. Está decidido, vou deixar de andar com relógio no pulso! Afinal quem manda... eu ou o relógio?

Vou à casa de banho para me preparar. Passo eu horas fúteis em frente ao espelho a tentar parecer o melhor possível para o mundo! Chega a ser sufocante esta necessidade de aparentar beleza... se calhar o que pretendo não é ficar mais bonito, talvez seja tornar-me outro, diferente, maior, com respostas...

Já perdido nos meus pensamentos, dirijo-me à porta que me traz mundo e atrevo-me a desvendar os segredos que se escondem por trás dela.

Caminho pelo passeio, atrás de mim caminha uma multidão de emoções, ideias, previsões, desilusões... enfim, a vida! Vou-me cruzando com pessoas, vejo nas suas faces inquietações, problemas, desejos e frustrações por não os atingir, vejo nelas o que provavelmente elas vêm em mim. Por vezes, muito raramente, vejo pessoas felizes andando despreocupadas que quase fazem desaparecer este olhar pessimista que sinto agora vir do mundo, apetece-me beijá-las e perguntar qual o seu segredo.

A minha vida é assim, uns momentos acontece algo que me moraliza e o mundo parece maravilhoso mas outros, mais frequentemente, o mundo apresenta-se como um inferno que eu próprio construo. Sim, não é o mundo que é mau! Sou eu que na minha intelectualização estúpida resolvo complicar tudo! Às vezes fico estupefacto com o que faço a mim próprio... está tudo bem, então eu começo a imaginar situações em que tudo corre mal, vivo-as, choro-as, reinvento-as e depois na realidade (mais uma vez, se tal coisa existir) acabo por agir como se isso tivesse mesmo acontecido! As mulheres fazem tempestades em copos de água... eu nem preciso do copo de água, sou uma versão melhorada e avançada dessa coisa irritante que é ser... estúpido!

Nada como acabar na parte em que me chamo "estúpido"! Sei que vai ser essa a última coisa que vai ficar na vossa cabeça mas tenho pena de vocês e vou acabar por aqui a amostra do meu futuro romance.

Espero que deixem os vossos comentários, só preciso que me digam se adormeceram antes de chegar ao fim ou se aguentaram tudo... é que se nem metade do primeiro capítulo aguentam quanto mais o livro inteiro...
Coragem!

Um pedaço do passado para adoçar o futuro



Estava eu a ler os meus poemas de infância e encontrei este... numa altura em que cada vez se acredita menos no sonho, em que nos movemos mecanicamente e não abraçamos cada momento como uma conquista dum pedacinho de magia, achei que podia dar alento com a inocência de palavras tão sentidas na altura e que, confesso, ainda têm a sua voz dentro de mim. Serei eternamente sonhador, eternamente um deambulador entre o real e o imaginário e eternamente feliz..por isso! Aqui vai:

O Sonho

Mero querer ou imaginar,

Desejo ou pensamento escondido;

O ódio, a loucura, o amar

Que está dentro de nós perdido;


O despercebido passar do vento

Quando abrigado dele estamos

Mas que se torna forte e violento

Quando desprotegidos o enfrentamos...



A chama de um desejo aceso

Que transforma a noite em loucura;

A jaula que me deixa preso

Ao insistir dessa voz que murmura...


Talvez seja um mundo intermédio

Que nos confunde e nos faz perder,

Compreendê-lo é o remédio

Para a luta intensa por nos perceber;


Seja ele imaginação ou real,

Desprezar submerso ou intenso desejar,

Pureza ou pensamento imoral

É alimento, é luz... é sonhar!



Sintam o sabor de cada palavra e nunca, NUNCA MESMO deixem de sonhar!
Um abraço do Olimpo...

sábado, 17 de março de 2007

Love, love, love


O meu segundo post, mais uma vez a estas horas, mais uma vez depois de uma viagem alucinante entre Rio Tinto e Santo Tirso.
Acabei de chegar do aniversário da minha namorada e pensei: Que melhor altura para falar do "Amor"?
Aqui está mais um tema original... só o mundo todo fala nele! Mas o mais incrível é que no meio de tantas coisas sem sentido e outras só sentidas há sempre muito a dizer, tanto a descobrir numa palavra tão pequenina. Assim sendo, não podia deixar passar um tema tão incontornável como este no meu blog!
Vou partilhar todas as visões que tive até hoje sobre o "Amor":
Na minha infância, amar era o que eu sentia quando me apetecia muito estar com uma rapariga. Isso confundia-me, como era possível que amar fosse isso? Eu amava uma rapariga num segundo, no outro estava a amar outra! Era tão simples! E não me chateava nada com isso... não era o "gosto mais de ti do que de chocolate", eu a maior parte das vezes até preferia comer chocolate! Dar a mão era lindo, mágico... desde que não precisasse dela para comer o chocolate, claro!
Vem a puberdade... oh meu Zeus do Olimpo...aí é que doeu! Já era só uma de cada vez... e quando não funcionava (a maior parte das vezes, não era grande Don Juan) passava um dia sem dormir! Era o fim do Universo, não havia chocolate que me salvasse, nem o ovo Kinder funcionava! E chamava os amigos todos para contar o meu infortúnio, era bonito que assim fosse, passava eu a ser o centro das atenções. Era um modo de me inserir, de ser importante. Mas quando funcionava... aí é que era! Havia beijos e tudo! Não percebia muito bem porque é que tinha que haver língua pelo meio, só atrapalhava! E os beijos na piscina que pareciam tão bons... era só engolir água! Mas depois podia dizer a toda a gente: "O quê? Ainda não deste nenhum beijo com língua? E na piscina? Não sabes o que perdes, eu que já sou grande e vivido é que sei o que é bom!" E era o centro das atenções outra vez! Começava agora também na moda o amor para a família, o amor para os amigos e o amor para as miúdas, era só amor... mas nenhuma complicação.
Finalmente a idade jovem-adulta ... aí os beijos na piscina já não valem nada, chocolate não porque engorda e faz espinhas, se corre mal não queremos ver ninguém à frente... a única coisa boa é que a língua já não atrapalha! Já não usamos a palavra "amor" a torto e a direito, tem que se suar para a utilizar! E os beijos já não chegam... há sempre outras partes do corpo que querem entrar na festa... trazem como companhia os medos de ficar mal, a preocupação de ser o melhor, de nunca acabar cedo demais...só confusões! Há uma distinção nítida entre as curtes e as relações sérias. No início desta fase são fixes as curtes, depois é uma obsessão pelas sérias! É a procura incessante pela "alma gémea" e o "amor eterno"! Atingir isto é Nirvana... ou não! Nada é simples! Tens que ser bom... mas não muito bom! Tens que fazer tudo por ela... às vezes, senão não dá "pica" e ela deixa-te! Tens que ouvir tudo... estar atento ao que se diz e ao que não se diz! E mesmo assim às vezes ouve-se: Ouves tudo! Na altura em que disso isso era assim, agora claro que já não é! ou então Eu sei que não disse nada, mas devias perceber o que eu não disse! Que namorado és tu se é preciso dizer tudo! Fácil, não é?! Falta ainda falar do conceito se "sinceridade", que tão fulcral é nas relações. Mas existe a "sinceridade" normal, e a "sinceridade" na visão delas... uma que nunca irá satisfazer ninguém:
- Amor, tou gorda!
- Não tás nada! És linda! Estou mais atraído por ti do que alguma vez estive!-
isto com a maior sinceridade do mundo, acreditas tanto nisso que é impossível que ela não acredite. Ganhaste, não há mais problemas! Pois, era bom...
- Não é nada amor, estou gorda e feia!
-Já te disse que não, não vês como olho para ti!
- Mas eu tou gorda, já nada me serve, tenho que mudar o guarda vestidos, a Justina é que tem sorte, é mesmo magrinha...
- Mas ser assim é feio! És muito mais linda!
- Mas blá blá blá!
- Não é nada blá blá blá...
- Mas...
- Não...
-Mas...
E o que estava resumido nas primeiras pergunta- resposta deu duas horas de conversa, até que desistes e dizes já alterado:
- Pronto, és gorda, tás feliz?
- Chamaste-me gorda? É esse o apoio que tenho de ti!
- Mas blá blá blá...
- Não interessa blá blá blá...
- Mas...
-Não...
E mais duas horas de conversa se passam, até que te calas, amuas, e quando estás a pensar como é que vais resolver isto ela vira-se e diz:
-Amanhã, vamos ao cinema? Tenho que comprar umas coisas antes... Vens cedo? Quero tar muito tempo contigo!
Aí desistes! Não dá para perceber! Aceitas a impotência de perceber esse extraterrestre chamado mulher e avanças... É isto o Amor nesta idade...
A verdade é que falo destes desatinos e incoerências mas sinto-me feliz a vivê-los! O mais importante é que pela experiência percebi o que é "Amor", e isso é o mais importante para ser feliz; perceber que amar é viveres para e através de alguém sem perceber bem porquê, é quereres saber tudo o que ela quer só para lhe veres o sorriso mais uma vez, é vestires sempre a camisola que ela disse que gostava mais, é dares por ti a sorrir porque te lembras da expressão que ela fez, que não fez, que irá fazer, simplesmente uma vontade enorme de sorrir... mais ainda; é quando os teus amigos na tua festa de anos trazem um carregamento de presentes escolhidos só para te ver sorrir, é quando tens aquele grupo que te ajuda quando queres, quando não queres, quando ainda nem sabes que vais querer, é quando tens um amigo em Erasmus que a altas horas da noite te telefona enquanto vai de bicicleta para casa, é quando alguém da tua família faz um sacrifício para te proporcionar aquilo que sempre quiseste viver, é quando te vês a sorrir não por ti, mas pelos que te rodeiam... para mim, amar, é isto; muito resumido, mas fácil de entender afinal!
Fica aqui a minha visão. Espero que partilhem comigo a vossa.
Abraço aqui de cima do Olimpo.

sexta-feira, 16 de março de 2007

A primeira vez...


Aqui está o meu primeiro contributo para enriquecer a Internet, se não for mais para a enriquecer de entulho...
Estou a escrever pela primeira vez, às 2:06 da manhã, depois duma viagem intensa entre Rio Tinto e Santo Tirso. Faço esta viagem regularmente (o coração resolveu afastar-me da minha terra) e sempre que chego a casa estou sem sono nenhum.
Será normal isto acontecer a esta hora da madrugada? Qualquer Português normal responderá que sim! Isto porque as estradas obrigam... passo os km todos colado na estrada a tentar fugir dos buracos, isso desperta qualquer um! Neste momento tenho uma destreza fenomenal na condução só por passar o tempo todo a tentar dar mais uns aninhos de vida ao Corsa. Qualquer grande piloto deve passar por Portugal para treinar... fugir com sucesso a 2 ou 3 buracos por metro é digno de carreira como piloto. Como é que é possível as estradas estarem assim?! Nem é difícil de perceber! Por exemplo aqui a minha terra está sempre com as estradas em obras, há sempre aquele pedacinho de esperança que sofram um upgrade para asfalto, mas nunca acontece! Já descobri porquê... segundo fontes credíveis não mudam o pavimento pois Santo Tirso é das poucas cidades que ainda mantêm o paralelo! Será
assim tão difícil de perceber a razão pela qual cada vez menos as cidades têm paralelo? PORQUE ESTRAGA OS CARROS!! Com esta ideologia acho que devíamos voltar aos caminhos de bois...há que manter a tradição!!
Depois das minhas viagens de automóvel precisava de desabafar... fica o meu primeiro post
marcado com uma crítica às nossas estradas! Ainda por cima não é nada de refrescante, todos os dias se observam este tipo de críticas... pelo menos não tem palavrões, menos mal!
Abraço aos meus futuros leitores aqui do Olimpo;
Zhews