As maravilhas do Mundo e da Vida descortinam-se através de palavras que se multiplicam à procura de fazer sentido...

domingo, 29 de abril de 2007

Um véu de tristeza sobre o que é belo...


Ontem estive a passear no Porto, fui até um bar na "Praia dos Ingleses" e quando me vinha embora pela zona ribeirinha vi encantos esquecidos, viagens que tão belas se fariam à luz da lua mas que nunca ousei fazer. O que impede estas viagens para mundos imaginários alimentados pelo barulho das ondas e o cheiro a história? O facto de hoje em dia já não se poder passear à vontade!À porta duma carrinha vi umas crianças com aspecto duvidoso a falar com adultos cujo aspecto já não deixava quaisquer dúvidas, bandos dos denominados "gunas" a gritar com aquela ânsia de causar problemas, de libertar as frustrações em todas as pessoas menos naquelas que as causam, enfim, um ambiente que faz com que quem queira passear esteja mais preocupado a pensar se vai ser roubado ou se vai levar um tiro do que a perder-se em pensamentos mágicos nascidos das emoções típicas destes passeios descansados ao luar.

Eu que gosto desta porta para o mundo que é a natureza, custa-me pensar no que perco por este medo, custa-me pensar que para apreciar algo como o que tenho aqui ao meu lado preciso de ir para outro país onde, aí sim, se preocupam em oferecer estes pedacinhos de sorrisos às pessoas que tanto precisam de sorrir! Seria suposto esta situação melhorar com o tempo...mas verifica-se o contrário! Quanto maior é o que alguns chamam de evolução pior se torna este tão triste fenómeno! É mau, deixa-me triste não poder voar com asas de sonho no meu país, deixa-me incompleto.

Fica aqui esta lágrima convosco,caída do topo do Olimpo onde infelizmente Zeus não pode fazer nada!

terça-feira, 17 de abril de 2007

É tão fácil criticar professores...




Confesso que me assustei quando começaram a falar em avaliações de professores por parte dos pais, a verdade é que, salvo raras excepções, os pais não sabem sequer o que é criticar um professor, pensam que é dizer se ele é simpático ou bonito; mas o pior é que mesmo a minoria de pais que realmente tem capacidade para criticar devidamente os professores não vão às aulas, logo o que vão eles criticar? Assim sendo não são os pais que criticam... são os alunos que chegam a casa e fazem os seus juízos sobre os professores aos pais, juízos estes que têm como principais premissas coisas tão importantes como se o professor sorriu ou não para ele naquele dia, se leccionou matéria que o aluno gosta, se prestou mais atenção ao colega que o aluno tanto detesta, enfim, este tipo de coisas. É refrescante saber que serão esses juízos tão bem fundamentados que vão decidir o futuro dos professores.


Este post tem como "musa inspiradora" algo que me aconteceu ontem. Estava eu a dar a minha aula descansado quando no intervalo olho para o telemóvel e vejo uma chamada do coordenador de curso. Telefono e qual é a minha surpresa quando o teor da conversa é uma carta dos pais de um formando a criticarem o meu trabalho, diziam que eu deixava os alunos chegar tarde e não marcava falta, diziam que não preparava as minhas aulas e que não controlava a turma. Evidentemente as críticas são do formando, parece até que os pais nem queriam enviar a carta. Para aumentar a palhaçada a carta foi enviada directamente ao director do Centro de Formação e nem sequer estava assinada, não falaram comigo, não falaram com os coordenadores, foram directamente ao "patrão". Claro que o remetente da carta não imagina que isto pode fazer com que o formador não tenha mais nenhum curso ou até que seja afastado dos cursos que tem.


Continuando, aqui estou eu perante uma carta a dizer mal do meu trabalho, algo que evidentemente vai ser arquivado para mais tarde ser visto. Eu sou a favor de criticarem o nosso trabalho, acho que faz com que reflictamos sobre as nossas práticas, mas isto já se parece mais com calúnia! Quanto às acusações, confesso que a primeira tem fundamento, não marco falta pois os pais é que sofrem com isto, as aulas são pagas à hora e os pais não recebem o dinheiro porque os alunos chegaram mais tarde, mas realmente quem sou eu para mudar mudar as regras? Ninguém, reconheço. Agora vem a acusação que me deixou perplexo; a de que não preparo aulas! Aí é que está o perigo de serem alunos a julgar professores. Eu lecciono inglês, a minha metodologia de ensino passa não só, mas também por dar músicas para traduzirem, fazer karaokes, fazer jogos, esse tipo de coisas que qualquer pessoa ligada ao ensino do inglês sabe serem minas de ouro para o ensino da língua. Evidentemente que para o aluno isto parece-lhe um modo de não me chatear muito, dou umas músicas, uns jogos só para os manter entretidos; mal ele sabe que são exactamente estas coisas que dão mais trabalho a planificar! Um aluno habituado ao ensino tradicional, com pais habituados ao ensino tradicional, chega a casa e diz que o professor em vez de passar horas a ensinar gramática e a fazer exercícios põe os alunos a cantar e a fazer jogos, claro que pensam logo que o professor não prepara aulas! Uma acusação gravíssima que tem como base a simples...ignorância! E finalmente a crítica do mau comportamento dos alunos... claro que à primeira vista ao ver alunos a gritar e a bater palmas na sala de aula pensa-se logo que são mal comportados, bom comportamento para as pessoas é estarem calados a aula inteira. Isso passa de pais para alunos; então mais uma vez o aluno chega a casa e diz que na aula os alunos gritam e saltam e batem palmas, os pais pensam logo que é a balbúrdia total. Nunca lhes ocorre que quando se fazem jogos que envolvem competição é impossível os alunos não gritarem os nomes uns dos outros e ficarem excitados, nunca lhes ocorre que quando se faz um karaoke os alunos gritam, riem-se, batem palmas e criticam os outros enquanto cantam, enfim, nunca lhes ocorre que isso não é mau comportamento, é o comportamento normal nessas situações!


Assim se destroem bons professores e boas práticas e se perpetuam aquelas aulas do método tradicional que deixam todos contentes menos os alunos!


Por isso nos perguntamos enquanto estudamos para ser professores porque razão no "campo" se esquecem todas as coisas que se aprendem durante o curso... é a sobrevivência! Neste mundo dos professores, sobrevivem os mais fracos. Eis a razão pela qual o ensino está como está, foram precisos dois anos a leccionar para o perceber. Pode ser que daqui a uns anos esteja eu a levar alunos às lágrimas com horas de aulas "seca" em que se decora tudo, aí vou reler isto e vou-me lembrar: "Como era inocente no início de carreira, quando ainda acreditava que podia ser eu a fazer a diferença!"

sábado, 14 de abril de 2007

As manhãs, as tardes e as noites


Estes três momentos do dia causam-me sentimentos tão distintos que decidi partilhá-los convosco. Aqui vai:

Sobre as manhãs não há muito dizer... DORMIR, DORMIR, DORMIR! Mesmo que não seja para dormir, pelo menos ficar na cama até ao meio dia. Há quem diga que é perder tempo, mas qual de vocês considera perder tempo fazer algo que gostam? Ouvir música, comer a comida preferida, ver aquele programa que nos faz colar do princípio ao fim... pois para mim dormir é a mesma coisa! É um prazer, não apenas uma necessidade. Por isso podem dizer que estou a perder todo o tempo do mundo que eu vou responder sempre: Agora cala-te um bocadinho e deixa-me dormir! Depois podem continuar a olhar para mim que vão verificar o nascer de um sorriso enorme quando me agarro à almofada e me embrulho nos lençóis. E se por acaso por algum disígnio misterioso eu me levanto, TUDO menos televisão! Se ligo a televisão apetece-me pegar numa arma e acabar com a minha infelicidade! Não há nada pior do que a televisão de manhã... e olhem que eu até sou um bocado colado nessa caixinha!

As tardes... essas são para a produção! Não há prazer nenhum, é aquele tempo que acho tão chato que até aproveito para trabalhar, pois trabalhar é o melhor modo de passar esta fase do dia sem pensar muito nisso! Não gosto das tardes, não sinto vontade de sair, sinto vontade de empurrar o sol até aparecer a lua! Pronto, confesso, sou anti-tardes!

Quanto à noite... é essa mágica aparição da lua que me faz aguentar o dia sem desatar aos gritos! Tudo se transforma à noite... as pessoas parece que deslizam em vez de se atropelarem nas ruas, reina uma paz indisicritível! O verdadeiro romântico da escuridão converge com o romântico que atribuímos ao sentimento de dar apenas a pensar no outro, enfim, é magia! Se pudesse saía sempre apenas à noite; escreveria então um livro para alertar aqueles que tanto passam as manhã e tarde preocupados em fazer tudo (menos viver) e deixam a noite apenas para o dormir, assim partilharia a magia que sei existir e que outros menos atentos deixam escapar. Mas não confundam esta dependência do luar com as idas a cafés, bares e discotecas! Longe disso!As noites para mim são para bronzear-me na luz da lua e deixar que ela guie os meus movimentos. Sair com a namorada e/ou os amigos para conversar, deixar que o escuro nos ligue e nos faça tornar confidentes uns dos outros. Sinto-me maior à noite, sinto-me mais próximo de mim. Num aspecto menos flutuante da noite, também gosto de ver as grandes séries que só são transmitidas a horas que ninguém aguenta ver, gosto de ver os grandes filmes na televisão e no cinema e, confesso, aquelas repetitivas comédias românticas que nos deixam a sorrir e mais agarrados ainda à namorada.

Um abraço nesta tarde no Olimpo.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Uma fotografia....

Vim agora duma viagem tristemente curta até Valência. Está lá a estudar o meu "melhor" amigo, por "melhor" quero dizer o primeiro ao qual recorro, aquele que não posso deixar sem saber o mínimo pormenor da minha vida, aquele que realmente faz diferença quando estou triste e que realmente sorri quando estou contente, entre várias outras coisas. Este esclarecimento advém do facto de não gostar desta expressão, "melhor amigo", acho-a redutora, mas serve para rotular mais facilmente. Continuando, ele está lá em Erasmus e como as saudades apertam não pude deixar de ir visitá-lo nas minhas (não) férias (só tive os feriados livres, está longe de ser considerado "férias"). Mas não estou aqui para falar da viagem, estou aqui para falar dum pormenor: não levei máquina fotográfica! Nem eu nem o amigo que foi comigo levamos a máquina, foi aí que despertei para a importância de algo sobre o qual nunca antes me tinha debruçado, a fotografia!
A fotografia não é apenas uma "prova" de como fomos a algum lado ou fizemos seja o que for, nem é apenas um modo de mostrar a toda a gente que vimos os monumentos todos dos quais já nem sequer lembramos o nome; é uma janela para algo que de outra forma o tempo irá esconder.
Neste momento lembro-me bem do abraço que dei quando cheguei lá, das conversas e sorrisos que tive às deliciosas refeições, das espécies de rituais satânicos que observei quando saí à noite, das brincadeiras que fizemos enquanto a jogar futebol na praia... mas sem fotos disso vou perder a oportunidade de daqui a uns anos reencontrar essas imagens sem querer e ficar com aquele sorriso que não se consegue conter nesses momentos. Vou de seguida perder a oportunidade de telefonar aos meus amigos que estavam lá comigo (e que talvez apenas esteja com eles esporadicamente no futuro) e dizer que reencontrei aquelas fotos, que temos que nos juntar e rir um bocado com as lembranças, vou perder a oportunidade de esquecer que estava chateado a arrumar as minhas coisas e reter apenas que reencontrei um pedaço de sorriso escondido no meu passado.
É por isso que a minha próxima compra vai ser uma máquina fotográfica, é por isso que vai-se tornar minha companheira em tudo o que eu faça e, finalmente, é por isso que deixo aqui esta "apresentação" da minha vida em fotografias, para que eu e os meus amigos mais tarde as encontremos e aconteça aquilo que descrevi anteriormente.